Sempre acreditei que um coração é feito de pedaçinhos, estes, que nascem contigo no berço, e com o passar do tempo e das oportunidades, vai crescendo, se desenvolvendo, casa e também vai embora contigo no final da história.

Esses pedaçinhos são compostos de lembranças, aprendizados, animais de estimação, paixões, experiências, alegrias, carinhos, PESSOAS, daquelas que se tornam as mais importantes em frações de segundos e que prometem lhe envolver-te em seus braços a vida toda em nossa famosa ilusão de que "tudo será para sempre".

Perdi o pedaçinho de um amigo na noite de Domingo. Depois disso, não fui mais a mesma.

Tinha sentido eu voltar a ser criança e economizar ao sentir dor daqueles "meus pedacinhos" de certa forma?? Não, eu cresci e hoje sou submetida á isso, a sentir, a querer dar a todo aquele sofrimento o abraço que ele não pode mais ter, o da mãe.

Há sete meses atrás, a perda foi outra. Seu pai foi embora de uma forma muito triste e inesperada. Ficaram então os dois irmãos, sozinhos neste mundo, a não ser pelos amigos, pela cumplicidade deles mesmos que agora deverá dobrar, a não ser pelos seus pedaçinhos, que ainda restaram que no final nem são tão importantes como o espaço vazio que lhe restou.

Queria sair da minha casa, largar tudo e poder dar carinho á estes meninos. Não entra na minha cabeça ainda o fardo que com tão jovem idade estes meninos já carregam: a falta, o "nunca mais", o amor pra depois da eternidade. Meu coração tá vazio, por mais completo que seja, sofro por gostar e ter um amigo.

Que Deus proteja o seu coraçãozinho, que lhe deê o carinho de todas as noites, que substitua essa falta tão imensa, que seu sorriso volte meu amigo e que venha com toda a força do mundo, que meu pedaçinho volte a sorrir, como um dia soube como era.

E há quem diz que dor não se espalha, muito pelo contrário: acumula.

Sem mais por hoje, com o coração apertado....

Crisinha.